quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aliar educação digital e legislação


Para os especialistas reunidos no Painel Educação, Ética e Segurança na Internet, do Security Leaders 2011, a segurança no ambiente online vai além dos recursos tecnológicos. Para garantir a ausência de crimes na web, precisamos educar os cidadãos para usar a tecnologia e implantar legislação específica para este assunto.

Renato Blum, CEO da ÓpiceBlum Advogados abriu o painel falando da importância da educação digital como a melhor maneira de absorver as mudanças trazidas pela tecnologia: “Os recursos digitais ainda estão sendo explorados e por isso nós não sabemos como usá-los ou usamos de maneira equivocada”. A velocidade das mudanças é um complicador, pois o “Direito surge sempre depois dos fatos, depois das mudanças terem acontecido”, afirmou.


FrancimaraViotti, Gerente de Segurança da Informação do Banco do Brasil, vê possibilidades para a educação digital: “o caráter lúdico da tecnologia deve ser explorado para explicar às pessoas sobre os riscos do ambiente online”.

Segundo Francimara, além da educação digital, os recursos de segurança não podem ser desprezados: “A certificação digital ainda é a tecnologia mais robusta para a autenticação e identificação online e o uso de biometria deve tornar os mecanismos de segurança online ainda mais eficientes”.

José Mariano, Delegado da Polícia Civil de São Paulo, ressaltou a necessidade de pensar a tecnologia e as políticas de segurança pública de maneira integrada. “A faltade ferramentas para investigar os delitos digitais podem permitir a existência de “crimes perfeitos”, onde o autor dos delitos não é possível de ser identificado”.

César Faustino, especialista em Fraudes do banco Itaú, usou o tamanho do sistema bancário brasileiro para enfatizar a importância da segurança na Internet: as 32 mil agências bancárias lidam com 140 milhões de contas correntes e 150 milhões de cartões bancários. “Das 56 bilhões de transações bancárias realizadas em 2010, 12 bilhões foram feitas pela Internet”.

De acordo com Faustino, a mobilidade é uma tendência para o setor bancário, exigindo ainda mais segurança: “Hoje temos 38 milhões de usuários de internet banking e cerca de 2 milhões de contas são operadas também pelo celular”. Para o especialista do Itaú, a educação para o uso de tecnologia deve ser uma política de Estado, com cartilhas e aulas específicas desde o ensino básico.

Coriolano Camargo, Presidente da Comissão Estadual de Crimes de Alta Tecnologia da OAB São Paulo, comentou a iniciativa da OAB em criar uma cartilha de Educação Digital: “nossa cartilha foi divulgada pela Embraer e pela Polícia e pelo Senai do Paraná”. Camargo também comentou a importância da presença online dos advogados: “a atuação de especialistas ajuda a inibir a propagação de crimes nos meios digitais. A presença da autoridade intimida o criminoso”.

Fernando Botelho, desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, diz que vivemos um ambiente de educação permanente com a tecnologia e o processo é irreversível. Botelho reclama da demora na tramitação da Lei de Crimes Online, cuja discussão no Congresso Nacional já conta 11 anos.

“A única maneira de combater os crimes online é combinar a tecnologia e a legislação. Separados, esses dois instrumentos não são efetivos. Além disso, os investigadores precisam ter meios de investigar: obter os dados de autenticação dos criminosos equivale aos vestígios dos crimes off-line, previstos no Direito Penal”.

Carlos Eduardo Sobral, delegado daPolícia Federal encerrou o painel comentando que a educação digital deve ser uma maneira de coibir a prática dos crimes: “Ao enfatizar a prevenção, focamos muito na vítima e pouco no criminoso”. Para Sobral, os crimes na Internet sempre incorrem no risco de serem propagados de forma mais veloz.

Nesse sentido, o único jeito é garantir que a investigação também seja feita com agilidade: “Antes, o processo de coleta de provas levava até 60 dias. Num crime digital, os vestígios podem ser apagados em questão de horas”. Sobral usa a atuação da Polícia Federal na proteção da Caixa Econômica Federal como exemplo: “em 3 anos passamos de 3 operações para 14 operações por ano. Como resultado, as fraudes bancárias contra a CEF caíram cerca de 66% no período”.


fonte:DECISIONREPORT

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